6 de junho de 2008

O FABULOSO GERADOR DE DISCURSOS DELEUZIANOS

Vale acessar: http://www.geocities.com/padrelevedo/lerolero/lerolero.html

Você se torna o próprio Deleuze!!!

Rapadura é doce, mas não é mole, mas pode ser deleuziana



“A sacarose extraída da cana de açúcar, que ainda não tenha passado pelo processo de purificação e refino, apresentando-se sob a forma de pequenos sólidos tronco-piramidais de base retangular, impressiona agradavelmente ao paladar, lembrando a sensação provocada pela mesma sacarose produzida pelas abelhas em um peculiar líquido espesso e nutritivo. Entretanto, não altera suas dimensões lineares ou suas proporções quando submetida a uma
tensão axial em conseqüência da aplicação de compressões equivalentes e opostas”.

Este discurso foi proferido por um Deputado do tucanato quando defendia o uso da rapadura no lanche escolar.

Concluímos que o tucanês é uma forma de discurso deleuziano, por conseguinte todo deleuziano é no fundo PSDEBISTA....

Cyberfeminismo: mulheres net-ativas dão um frescor à rede





5 de junho de 2008

COREOGRAFIAS

vídeo-dança evoca Deleuze... sentimos falta de algo mais artístico, sensual, ou sincrônico...




...daí, sugerimos à coreógrafa deleuzeana que observe princípios elementares da arte de dançar.




31 de maio de 2008

ENTREVISTA


A equipe de Dilatando o Tempo entrevistou, por ocasição do 2º. Encontro Latino-americano de Esquizoanálise, o nômade pensador Roberto Carlos Veloso, PhD, estudioso de Deleuze e Guatarri. Licenciado em Psicologia pela UFC, Mestre em Educação pela PUC - RJ, Doutor em Ciências da Comunicação pela USP - com sanduíche em Ball State University e pós-doutor na Université Paris V - René Descartes. Atualmente é professor visitante da University of Alberta e Mcgill University no Canadá.

Gato Félix: Deleuze afirmou: “O problema, para a sociedade, é o de parar de vazar.” Qual o sentido real da expressão “parar de vazar”?
RCV: Um quadrado pode melhor explicitar a expressão: um quadrado é diferença por natureza. É pura diferença, diferença em si. É um território de multiplicidades, de disseminação de saberes e encontros diversos e variados, de composições caóticas, de flutuações perigosas, de contágios incontroláveis, de acontecimentos insuspeitados. Um quadrado é, por natureza, rizomático, porque é território de proliferação de sentidos. Apesar de tentativas de controle, de áreas demarcadas e opiniões sobre como evitar a desorganização em um quadrado, tudo pode vazar e escapar.

Zara: Porque a intervenção urbana é centro de interesse de deleuzeanos?
RCV: A intervenção urbana dialoga com o devir da cidade pois introduz desvios poéticos, questionamentos sexuais, sociais, políticos ou estéticos oferecendo o que faz falta na arte contemporânea. Utilizando-se dos códigos da hiper-super-realidade-saturada-pós-moderna, artistas e coletivos nômades promovem ações e interferências criativas absurdas ou surreais, que podem desaparecer rapidamente, fazem a verdadeira transgressão com a ferramenta-arte.
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Edileuza: Qual a melhor definição para cyberfeminismo?
RCV: O cyberfeminismo é uma prática pós-feminista na rede. O cyberfeminismo é a grande esperança na construção de uma nova ordem, pois põe em evidência a questão de gênero e identidades. É um território tecnológico e ao mesmo tempo trans gênero e, portanto, político. Rompe com o domínio masculino no cyberespaço, pois as mulheres net-ativas dão um frescor à rede. Despudoradas, transformam-se em iconoclastas frente aos princípios do feminismo clássico em todo o ambiente virtual, desenhando uma nova cartografia da relação corpo-potência. Ou seja, queimar sutiãs é coisa do passado.

Edileuza: han-rammm...

O eu é o outro: levanto a discussão deleuzeana sobre imagem-movimento, imagem-tempo, o que pode a imagem?
RCV: Uma imagem em movimento, articulada com outra imagem em movimento, impõe aos nossos sentidos várias questões. Vertov instaurou uma ordem cinematográfica na contramão de seu próprio tempo. Diferentemente de Vertov, os cineastas capitalistas transformam imagens em mercadorias. Eles não acreditam na potência da articulação das imagens, não discutem com o espectador. Esquecem o valor de montagem em Vertov, que faz emergir no espectador uma consciência da imagem. Nós, como espectadores somos um campo de possibilidade de afetar e de ser afetado por imagens, e não sabemos o quanto podemos afetar e ser afetados. Mas tudo é sempre uma questão de experimentação. A imagem pode tudo, mas essa potência-imagem necessita de um laboratório experimental de imagens, não da venda de clichês do cinema comercial. Mas existem grupos que estão, como Vertov esteve em seu tempo, na vanguarda, na contramão do cinema comercial. Ninguém detém a câmera-olho! Ela segue experimentando por todos os espaços inauditos, quer seja em escolas de audiovisual, em grupos de jovens que com suas câmeras experimentam incessantemente o devir das imagens, etc...

Zara: Então, como preencher esse poder de afetar e ser afetado?
RCV: Somos um corpo sem órgãos, somos um grau de potência, definido por nosso poder de afetar e de ser afetado, e não sabemos o quanto podemos afetar e ser afetados, é sempre uma questão de experimentação. Não sabemos ainda o que pode o corpo. Deleuze insiste: ninguém sabe de antemão de que afetos é capaz, não sabemos ainda o que pode um corpo ou uma alma, é uma questão de experimentação...

27 de maio de 2008

TRADUTOR


Em respeito ao leitor, tento traduzir alguns verbetes rizomáticos utilizados neste blog.
Alerto que são aproximações, pois tudo é carregado de sentidos imprecisos, no rol das palavras e termos deleuzeanos.
Foram consultadas expressões e palavras utilizadas no Ceará, estado de maior número de deleuzeanos afetados, e em São Paulo e Rio de Janeiro - estados de maior número de deleuzeanos sabidos que viajam para o Ceará, em missão colonizadora.
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Acontecimento: parada, já é, fuxico
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Arte contemporânea: marmota
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Cafetinagem: queima raparigal
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Coletivo: curriola, magote
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Desterritorializar: tirar os calços
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Devir: peleja
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Empirismo: miolo de pote
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Experimental: ingembrado
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Nomadismo: rodízio, andar léguas tiranas
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Potência: ande tonha, espada
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Provocação: aí dentro
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Subjetivação: leriado, maior h
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Vigiar: pastorar
obs-

22 de maio de 2008

Verbetes


é só juntar as letrinhas e criar um rizoma qualquer, depois atribuir um significado



19 de maio de 2008

DESAFIOS DELEUZEANOS

cena video-dança arte, bioidentidades em evidência


Deleuze deixou vários desafios (sim, a cauda é longa) para os deleuzeanos, entre outros: a) busca incessante pelo acontecimento; b) as reais transfigurações de linhas de fugas desterritorializantes; c) a sedução midiática de corpos com órgãos; d) a captura e a emergência de diferenças e repetições; e) a constituição identitária dos sujeitos, a "bioidentidade" – o impressionante domínio da árvore em todo pensamento e fazer ocidental – ou seja, viver e conjugar o verbo rizomar.

Numa simples cena de vídeo-dança, identificamos a síntese de todos esses desafios, segue-se a análise baseada no modelo paradigmático do autor.

Observamos que esse funk, um acontecimento musical popular dançante, altamente rizomático, nunca visto por Deleuze, evidencia as diferenças e repetições existentes na sociedade contemporânea pós-modernéssima. Os movimentos dos dançarinos, inscritos num território delimitado (no caso, o quadrado) é negado diante da sedução midiática do ritmo musical. Os corpos com órgãos constroem linhas de fugas dos territórios demarcados, afetados pelo ritmo da música, mas principalmente pelas evidência de signos, figuras e eventos contemporâneos como o Saci, Claudinho Bochecha, Zidane, Cowboy, Matrix, Robinho, as olimpíadas Pan-americanas, Cicareli, o Sol, etc - uma verdadeira constelação de bio-identitidades, todos pertencentes a não-lugares. Assim, os paquitos em seus percalços, negam o metro como medida e preparam a aceitação de uma nova medida, gestando uma indefinição criadora, uma espécie muito particular de negatividade...


18 de maio de 2008

CAHIERS DU RIZOMÁ

Friedrich Wilhelm Nietzsche fagocitado em versão pop-arte rizomática


A inserção do pensamento rizomático no ideário contemporâneo é bastante questionável. Deleuze é considerado um nome (pelos deleuzeanos) na chamada pós-modernidade filosófica (!). Jogam dentro de um mesmo saco de gato epistemológico ‘desconstrucionista’ ou ‘pós-estruturalista’: Deleuze, Lyotard, Roland Barthes, Jacques Derrida, Jean Baudrillard, Michel Serres e Paul Virilio. Porém, acadêmicos norte-americanos, alemães e de outros mares, além França, negam essa pós-modernidade filosófica e ignoram o ideário do pensamento rizomático.

Como disse um grande poeta “só é possível filosofar em alemão”... o mestre do rizoma já sabia disso, tanto que as principais fontes de seu invencionismo rizomático (fagocitose teórica) foram os pensadores Nietzsche, Kant, Leibniz...

16 de maio de 2008

LUGAR EM TRÂNSITO



ERRAR É HUMANO, ACERTAR É DELEUZIANO.
(Zara)


OUTRAS INTERVENÇÕES

A Câmera-Olho continua. A desterritorialização, afecção deleuziana, utiliza, também, como valor de sustentabilidade conceitual a inexistência da autoria a partir da potência da imagem-autônoma. Nesse sentido, a obra de arte estabelece conexões rizomáticas como se fosse um corpo em trânsito ,ligando-se pelas afetações do devir. O cinema de Bolywoodiano se empodera da estética anti-construtivista de Tarkovsky , Osu, Sokúrov para construir um lugar habitado por anônimos - Algo que inveja até o Michael Jackson, X-man, a novela dos mutantes e os videomakers das videodanças.

15 de maio de 2008

INTERVENÇÕES RIZOMÁTICAS



Câmera-olho capta a vida sem mediações no México. Estamos diante de um evento nunca antes visto: Emos, Punks e Hare Krishnas, grupos altamente rizomáticos, encontram-se e exibem suas identidades tribais.

12 de maio de 2008

EXPEDIÇÃO GRAFITE A MISSÃO



Após a saída dos grafiteiros, Matheus, pintor de letreiros e sobralense, fez seu próprio grafite com uma tinta acrílica importada, ainda desconhecida dos invasores. Pintou esta cena medieval da experiência: (ordem da esquerda para direita)

1. Matheus ao telefone falando com um candidato à prefeitura nas próximas eleições municipais. Ele quer apagar as intervenções com as propagandas do candidato, utilizando a tal tinta acrílica... Fazer uma espécie rizoma de cobertura...

2. D. Maria, sentada, cedeu o muro de sua casa para expedição... Está arrependida...

3. Homem Vitruviano e sobralense foi pego de surpresa. Agora ele protege o que lhe restou... De consciência...

4. Sujeito ligando para sogra... Para fazer uma viagem ao não lugar...

5. Um grafiteiro deleuziano da expedição...

6. O responsável por este post após ler o post da Zara...

EXPEDIÇÃO GRAFITE E OUTRAS MISSÕES


grafite londrino expressa aspectos da missão "Sobral para o mundo"


grafite revela o sentido de missões anônimas

Moradores de casas pintadas com tintas d’ água conheceram outras texturas. Graças as cores em acrílico e neon de latas de spray de grafiteiros que circulam em galerias de São Paulo, Espanha, Alemanha, Estados Unidos. Agora eles enfeitam as paredes de lugares inóspitos do Nordeste.

Sim, a missão civilizadora de nômades artistas continua!

Como informa a revista Cult, grafiteiros deixam seus traços em Pernambuco, Bahia, entre outros lugares “esquecidos” (por quem mesmo?) da região.

"Foi mágico chegar em um lugar onde não existe grafite, nem uma simples pixação, nada! Todas as casinhas limpas e coloridas e a gente com aquela sede de pintar".(grafiteiro)

Na revista, um dos artistas diz o que o encantou:

"Fiquei fascinado com aquelas casas feitas com uma técnica praticamente medieval..."(o artista teria levado a modernidade à região com seus jatos de tinta? )

Outras missões

Nada contra a genial arte de grafitagem. Aliás, recentemente um grupo de artistas de rua da Bahia viajou à Europa em missão de intercâmbio e troca de experiências artísticas.

Já o Ceará, sempre na vanguarda dos tempos, inaugurou outro tipo de missão. De Sobral para o mundo, o governador e seus assessores participaram na Europa de eventos em busca de investimentos para o esquecido estado. O ineditismo ficou por conta da intervenção de um personagem up to date, a sogra do governador que certamente fez uso de investimentos públicos do Ceará além-mar. A intervenção tirou do anonimato a sogra e a cafetinagem da política made in Sobral, um lugar não-mais-esquecido da região.

E assim, o mundo se desterritorializa em missões civilizadoras, no mínimo divertidas...





6 de maio de 2008

VIBRAÇÕES ENTRE PORCOS E ARANHAS

primeira conexão entre o porco e o homem-aranha

Uma cena especial de um filme tem me chamado a atenção, particularmente pelo entrecruzamento das várias leituras realizadas em ambiente de rede. Como ensinam Deleuze e Guattari "todo ambiente é vibratório", destaco assim a vibração presente na abordagem imagem-afecção e na invenção de novos gestos sugeridas a partir de um bicho de estimação, no caso um porco-aranha.

A re-invenção do porco-aranha: a síntese de um porco (animal terrestre, mamífero) uma aranha (animal artrópode) e uma trilha musical do personagem de Stan Lee e Steve Ditko, o Homem Aranha (Marvel Comics).

Uma re-invenção dentro da multiplicidade vivida pois, ao mesmo tempo em que o Porco-aranha do filme simboliza outros signos cristalinos da Marvel - o original Porco-Aranha criado por Tom de Falco e Mark Armstrong, uma paródia do Homem-aranha, claro - e para além disso, uma re-criação de um ícone pop que segue no sentido de des-criar o real, de resistir ao fato que lá está, impedindo que o medium desapareça naquilo que nos dá a ver, nesse movimento que vai da coisa representada à sua representação.

De sua performance gráfica original publicada em suporte impresso (em 17 raras revistas) às suas atuais aparições na cena mídia-arte, um plano de reflexão concentra-se e se expande em torno da questão “o que é uma imagem-afecção em ambiente vibratório de rede?”

Mesmo estando o Porco-Aranha do filme inserido em um não-lugar de passagem peculiar aos animais de estimação - lembro que essa é uma obra de ficção, de estética diferenciada como pode-se observar também na genial e premiada película italiana Porcos com asas - toda a meditação suscitada no momento de sua fruição acompanha uma crítica permanente, uma desmontagem das redes de discurso e significação que investem as imagens nos seus diferentes modos de aparecer.

Enfim, essa narrativa fílmica pode nos proporcionar diversas e possíveis matizes de leituras sobre a permanência desses animais que habitam o planeta e que também sobrevoam a nossa a cultura cinematográfica contemporânea.

a conferir em um lugar de passagem mais próximo desse blog, também em versão original.

sugestões rizomáticas:

na música: CD Animals (Pink Floyd), faixa Pigs;

na literatura: Porci con le ali - Lidia Ravera e Marco Radice;

para ler e esquecer: Cinema 1 - A imagem em movimento e

Cinema 2 - A imagem-tempo (Gilles Deleuze)


EXPEDIÇÃO FRANCISCO

grupo de artistas ignorou a performance das carrancas das embarcações do velho chico


O Nordeste do Brasil tem sido lugar privilegiado para experimentos de “desterritorialização” da arte - e também da ciência (esse tema será explorado em outro momento...).
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Exemplo recente foi a Expedição Francisco que reuniu um grupo de artistas que deixou São Paulo para percorrer de 12 a 27 de abril, em um barco, o leito do rio São Francisco.

Segundo a Folha de São Paulo o grupo tinha uma idéia: “levar arte contemporânea a um cenário inóspito e fazer contato com um público alheio ao circuito dos museus paulistanos.” Ou na voz de um dos artistas: “trazer a noção de macio, de conforto, ao inóspito, lidar com a aspereza”.
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Destaque para algumas estratégias da expedição, em site do grupo:

“A produção de obras in locu são a contribuição e o presente da tripulação para a população ribeirinha.” (no entanto, a população recusou os confortáveis e macios presentes dos artistas)

“Nabor Kisser... segue um princípio acumulativo de informação, criando uma base de dados em tempo real, tentando traduzir em forma de relações e em forma de uma interface adequada à complexidade dessa experiência (rizoma como foi usado por Gilles Deleuze e Félix Guattari para descrever a representação e interpretação da informação, sem começo, fim ou hierarquia).” (o discurso deleuzeano também justificará o fracasso de público da expedição.)

Em Petrolina, a expedição tratou de: embrulhar tudo o que os artistas viam pela frente com uma espuma sintética amarelo brilhante; gravar as intervenções em vídeo; fazer flutuar sobre o rio balões brancos de látex, “que simulavam luas cheias”; percorrer a cidade com olhos vendados; fotografar as performances; escrever diários de bordo!

O correspondente da Folha, que viajou a convite da Petrobrás, registrou ainda que “apesar da entrevista na rádio e de os artistas terem estampado a capa da "Gazeta do São Francisco", ninguém apareceu para ver...

"Nosso público não é daqui, é de São Paulo", admite Meiron, sem esconder a decepção.” (tanto esforço para atestar que o público alheio aos circuitos dos museus paulistanos seguirá alheio a essa arte contemporânea.)

"Estaria vazio mesmo que a gente estivesse esquartejando um cavalo (sic!), arrematou Kisser”. (num sentido não deleuzeano: já que a noção de macio e conforto não contaminou aquele povo inóspito, logo a noção de aspereza (do artista, no caso) também não.)

A Expedição Francisco teve o patrocínio da Funarte e Petrobrás.
Atestamos, mais uma vez, que o dinheiro público insiste em financiar eventos de intervenções nômades e expedições artísticas, altamente rizomáticos. E observe, eles proliferam aos montes e parecem que são mesmo feitos para ninguém ver.

PELA DESCRIMINALIZAÇÃO DO DISCURSO RIZOMÁTICO

Não vou entrar na discussão sobre a descriminalização do uso da maconha. Até porque não vou me (basear) em ninguém para sustentar as argumentações epistemológicas conforme as exigências da ABNT. E como já dizia Saint-Exupèry: “Tornas-te eternamente responsável por aquilo que cannabis sativa” (Pequeno Príncipe, pg 100, 2008 – lido por todas as misses do mundo).

É meu dever neste blog lutar pela descriminalização do discurso rizomático. Por isso, fiz uma coletânea de discursos rizomáticos apoiando o nosso movimento

Não importa o dispositivo, não vem ao caso.

http://www.youtube.com/watch?v=nkZULaQUEEs

http://www.youtube.com/watch?v=jflYVmevJ_o

http://www.youtube.com/watch?v=AIWwMJw5LT0

http://www.youtube.com/watch?v=SBtKAlfo0bo&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=SoP6dDHvFfg



30 de abril de 2008

CRÔNICAS DELEUZEANAS (1)

A FELICIDADE DESORGANIZADA DO RIZOMA DE OHANA


Esta é minha cadela, a Ohana. Uma legítima pedigree da raça Cão da Serra. Cachorro de temperamento dócil e de grande sensibilidade. Não é de fácil trato, pois a vastidão de pêlos requer cuidados diários e depilações semanais. Desorganizada, espalha felicidade pela casa.

Bom, a Ohana é só para dizer que fui despertado de manhã por lambidas eufóricas. Já era hora da volta na quadra do condomínio para comprar o pão da padaria de seu Júlio, no flamengo. Acordei de mau humor decepcionando as expectativas de Ohana. Estava de Kafka para vida.

A volta na quadra foi sem brincadeiras e silêncio profundo. Pensava constantemente no evento que enfrentaria logo depois. A empresa onde trabalho havia contratado uma consultoria para motivar os funcionários. Isso era o suficiente para me deixar irritado. Um mosquito fazia-me acordar um monstro. Se existe uma coisa que tira a minha paciência é esta moda de marketeiro ensinando a ser feliz! Como uma consultoria sabe de fato o que me motiva? Só em saber que tinha que enfrentar um evento motivacional já era motivo suficiente para me deixar profundamente desmotivado.

Sob o olhar entristecido de Ohana, deitado no tapete da sala, pensei com um pedaço de pão francês na boca: devo ir, não devo ir... Foi quando escutei voz no interior do francês: deve ir, devir – fui!

Depois de alguns minutos de sufoco de tempo dilatado na Avenida Brasil, estava eu e outros sentados no auditório da empresa a espera do nosso facilitador – Como se tivesse algo complicado de fazer nesse tipo de evento! O facilitador entrou, ou melhor, a facilitadora. Vestia um blazer vinho, carregava uma pasta da Louis Viton que guardava um I-mac. Ela tinha um peirce em um dos olhos - Desculpem-me, não sei como se escreve o nome deste acessório, mas vamos deixar sem jeito, pois a mulher era adepta da semi-ótica – Perdoe-me minha Santa Ela! Mas ela, a mulher, facilitadora, já havia plantado uma árvore, tinha filhos e acabara de publicar sua tese de doutorado em Sociologia das Organizações na FGV – “O Sucesso do RH: O Rizoma Humano” – Pode um negócio deste? Depois dizem que as mulheres não complicam a vida!Imaginem uma mulher deleuzeana com mastercerd na mão - Tempo dilatado para compras! Este também era o tema do encontro. Não sobre o cartão, ou sobre a mulher em si, mas o rizoma dela. Estava desesperado. Queria que meu estado kafkaniano tivesse asas cascudas. A mulher era filha do ócio criativo, fã do Paulo Coelho e além do mais deleuzeana - Uma “marketeira holística da transdiciplinaridade criativa” (uma retórica performática fora do contexto original – sonsigno).

O evento começou com uma piada para dizer-nos que estávamos tensos e que precisaríamos relaxar. De fato estava irritado, mas o meu colega ao lado dormia que fazia bico. A mãe Dinah deleuziana deu um chute dentro e outro para fora do Maracanã. Aquela mulher jamais, inclusive em meu estado normal, teria a capacidade de me fazer relaxar. Dito e feito! A deleuzena das “corporações sem órgãos” (Um modelo de ONG da pós-modernidade do espetáculo) citou Spinoza e aplicou uma dinâmica de grupo rizomática -Perfeito! Spinoza e Deleuze e a felicidade organizada -Tudo culpa do De Masi!

A dinâmica tinha a seguinte experiência: cada pessoa recebia um barbante, que era segurado na extremidade do cordão enquanto o colega segurava a outra ponta até formar um grande círculo. Depois, cada um se movimentava no espaço, passando um por baixo do outro – Um caos aparente... Chegou um momento em que ninguém conseguia se mexer. A imagem, segundo a facilitadora, era de um rizoma humano, um coletivo híbrido... Já a minha não era de uma barata presa numa armadilha, mas de um chato no meio de pentelhos... E como já estava naquela situação, enleado, lembrei onde gostaria de estar: no rizoma da Ohana, minha fiel felicidade desorganizada...

PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS HELICÔNIAS...


olho-câmera captou em heliconário, uma contemporânea instalação de mudas de rizomas.

Em visita-guiada a FAZENDA RIZOMA, especializada no cultivo e venda de helicônias, conheci de perto essa planta tropical exótica.
As helicônias são formadas por um rizoma - parte subterrânea, e por um pseudotalo, folhas e inflorescências - parte aérea. Importante frisar que os rizomas são órgãos de reprodução assexuada.
Destaco aqui as conexões existentes entre os arbóreos e outros seres vivos que também vivem em situações de cultivo de seus rizomas, no caso os deleuzeanos, humanos de aspecto assexuado.
Como elas, os rizomáticos deleuzeanos tendem a se ramificar, sustentados por uma pseudofilosofia, folhas e folhas de livros e textos que se reproduzem por todos os meios e tecnologias e por suas inflorescências que se instalam em qualquer lugar de passagem.
O botânico-guia informou que a maioria das helicônias ainda não foram descobertas, pois vivem de modo endêmico e em regiões quentes. Fato que também se aplica aos deleuzeanos que atualmente disseminam seus rizomas em terra de índios, onde canta a jandaia, que já teve um bode como vereador, e seus habitantes cultivam o hábito de comer siriarás às quintas-feiras.

29 de abril de 2008

POEMAZ CONCRETOZ DELEUZEANOZ


DE

DELE

ELE

LEU

EU

DEUZ

Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z

27 de abril de 2008

NARRATIVAS DELEUZEANAS (I)




plano-seqüência-experimental. exemplo de narrativa videográfica, onde fotografia e som ambiente funcionam como catalizadores das sensações de dilatação do tempo, provocadas pela ausência de idéias e uma câmera na mão de um deleuzeano. o final é sempre inesperado.

QUESTÃO DE MÉTODO (I)


uma das técnicas de esquizoanálise

26 de abril de 2008

DELEUZE LOST IN CEARÁ



O seriado Lost evidencia algumas questões da desterritorialização. Não pelo aspecto de um território, ou o não-lugar geográfico. Mas por um espaço do pensamento. Um lugar de trânsitos múltiplos, coletivos de encontros possíveis. O homem é este não-lugar em Lost. Esta busca pelo encontro, do devir, é o que mantém a trama da Série. O novo capítulo postado neste blog materializa a questão deleuziana: Lost é cearense.

24 de abril de 2008

ACONTECIMENTO

cena mídia-arte: olho-câmera registra o efeito do experimento mentos+coca cola


Deleuze afirmou em Pourparlers, que dedicou toda sua busca filosófica à procura do “acontecimento”. Não precisamos procurar! Todo instante topamos, colaboramos ou produzimos um acontecimento. Agora mesmo, me chegou um pop-up com imagens de um acontecimento envolvendo um coletivo de 1500 jovens em Leuven, Bélgica.

22 de abril de 2008

DILEMAS (I)




Alguém, em estado de consciência não-deleuzeana, pode explicar os dilemas abaixo ?

"Dilemas atuais: entre o ativismo e o entretenimento

A(r)tivismo é brincadeira?

O Ar(r)ivismo é sério?

Com quantos umbigos se faz um grupo?

Um(b)iguismo?

Coletivo Nova Pasta, Anais do 1º Congresso Internacional de A(r)rivismo"


in: hibridismo coletivo no Brasil...


21 de abril de 2008

AXÉ DELEUZIANO




Uma análise deleuziana de um dos maiores sucessos do carnaval da Bahia:
Asa de Águia
Asa de Águia
Composição: Durval Lelys e Levi Pereira

Todas as vezes que rola
No meu pensamento (corpo e cérebro, pensamento)
Nasce a certeza da vida (rizoma)
Que o tempo levou (potência do falso – dilatação)
Asa de Águia
Nesse vôo tão lindo (opsignos e sonsignos –signos cristalinos)
Levando a certeza pra longe (devir)
Aonde o tempo passou (dilatação do tempo)
E agora carrego comigo (imagem potência)
Nos meus pensamentos (corpo e cérebro, pensamento)
Levando a certeza da vida
Que o tempo levou (dilatação do tempo)
Asa de Águia
Nesse vôo tão lindo (imagem autônoma)
Levando a certeza pra longe (devir)
Do centro da terra (dobra)
Asa de Águia (opsignos e sonsignos – signos cristalinos)
Me leva pro céu (devir)
Asa de Águia Vôo livre no ar (imagem autônoma)
Asa de Águia(opsignos e sonsignos – signos cristalinos)
Nesse vôo tão lindo (imagem potência)
Levando a certeza pra longe (potência do falso)
Aonde o tempo passou (dilatação)
Pra perto do amor (imagem afecção – não lugar)

Conclusão: todas as letras de axé são deleuzianas. Logo, no fundo, todos deleuzianos adoram axé.



20 de abril de 2008

TODO DELEUZIANO É MAL AMADO




"Deleuze afirmava que não gostava dos intelectuais. Ele os definia como dispondo de uma reserva de saber de que se servem para falar de qualquer coisa, em qualquer lugar e a qualquer momento." (valha do povo mal amado!)


"Ele (Deleuze) lia os textos em função da elaboração de problemas específicos e depois os esquecia."(tá explicado!)

(http://www.pucsp.br/nucleodesubjetividade/Textos/SUELY/ninguem.pdf)

VIVER E PENSAR A DIFERENÇA

Por que é que um deleuziano, que vive pensando a diferença, fala exatamente igual a todos os deleuzianos do mundo? E por que é que, em matéria de estudos, um deleuziano sempre faz pouco daqueles que não se identificam com o grupo de deleuzianos?
Meio esquizo(frênico) isso, não?

TESTE: VOCÊ É UM DELEUZIANO?


Casal, numa intervenção coletiva nômade, exibe peças produzidas em workhop

Responder Sim ou Não:


1. Você faz parte de algum coletivo híbrido, de resistência, observa o arquivamento do eu presente na arte contemporânea e já participou de alguma intervenção num lugar de passagem?
2. Compreende que as poéticas digitais são laboratórios vivos da arte mas que só é possível produzir algo novo a partir de diálogos intersignos com os concretistas Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos?
3. Faz pelo menos uma dessas atividades da cena mídia-arte: vídeo-performance + fotografia + instalação; vídeo-dança; gambiarra + design; grafismos em estencil; apropriação e reinvenção?
4. Considera-se um artista muito mais do processo que do produto?
5. Já gravou um vídeo experimental em pelo menos um desses espaços: hangar; aeroporto; container de navio; terminal de ônibus; estação de trem; centro da cidade; e depois exibiu a obra em um desses espaços e discutiu a narrativa temporal do vídeo com as 3 pessoas que sobreviveram a sua exibição?
6. Em cinema, já assistiu, num domingo à noite, algum desses filmes de Dziga Vertov: Cine-olho, Um homem com uma câmera e Entusiasmo?
7. Rejeita a espetacularização do consumo do mundo fashion, por isso prefere usar roupas de algodão, camisetas ativistas, sandálias e bolsas customizadas em workshops nômades?
8. Conjuga os seguintes verbos: re-organizar, re-conhecer, re-inventar; re-inserir, re-significar?
9. Você crê na lógica do copyleft, nega a privatização das idéias, e exercita a apropriação criativa dos saberes, especialmente em suas tarefas acadêmicas, enfim, é adepto do MDP – modo deleuzeano de produção?
10. Já pensou em quebrar as paredes que envolvem as janelas da sua casa?

PONTUAÇÃO:
Sim= 10 pontos; Não=0 ponto.

AVALIAÇÃO
10-30 PONTOS
Você não é deleuziano. Para fortalecer sua posição sugerimos a leitura das obras de Spinoza, Leibniz, Hume, Kant, Nietzsche, Bergson. Rejeite as interpretações, vá direto aos autores.

40-60 PONTOS
Você está a meio caminho de se tornar um deles. Procure urgentemente um analista de orientação freudiana ortodoxa. Nada de esquizoanalistas.

70-100 Pontos
Você é um deleuzeano afetado, caso irrecuperável.

18 de abril de 2008

NA ARQUITETURA



Arquiteto do Atelier MOOV e sua nomad house: “o luxo em arquitetura é ter a liberdade de escolher onde se quer estar.”

em 2007 , aconteceu na cidade do Porto (PT) um ciclo de conferências, debates e apresentações de projetos de interveção urbana de arquitetos portugueses, dedicado ao tema “Jovens arquitectos em Portugal: road to wonderland” .


Pérolas deleuzianas do evento:

“A apresentação de Roberto Cremascoli, Edison Okumura e Marta Rodrigues (COR) decorreu literalmente sob o signo de Alice no País das Maravilhas em versão disneyficada. O uso das figuras da versão em desenho animado do livro de Lewis Carroll introduziu um atelier resultante do encontro no Porto de um italiano, um “brasileiro disfarçado de japonês”, e uma portuguesa chegada de uma estadia em Paris.”

“Se há uma idéia que fica latente é o pragmatismo das apresentações, pragmatismo entendido aqui por oposição a uma idéia de intensidade que geralmente associamos a aproximações mais existenciais da prática de arquitetura. Como em leveza versus peso, precisão versus comoção, ou quotidiano versus exceção.”

"Pedro Campos Costa apresentou três propostas de características distintas, uma instalação nos jardins do Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos, uma cenografia para uma peça ao ar livre em Almada, e uma proposta de uma casa integrada no evento Casa Portuguesa. Em todas elas, a precisão de um gesto fundacional estabelece o universo de cada uma. Cobrir um jardim com pó de talco cria uma imagem inesperada trazendo para fora o cheiro-a-hospital, provavelmente tão importante como a imagem, que desaparece no dia seguinte."

“O MOOV fizeram a segunda apresentação construída a partir de um mapa de ligações, depois dos Ateliers de Santa Catarina, poderemos estar a assistir a uma matriz deleuziana (mapas rizomáticos de ligações) nos novos arquitectos de Lisboa?”


NA LITERATURA

Alcir Pécora, professor de Teoria e Crítica Literária da Unicamp, em artigo no Estado de São Paulo, elencou dez itens que consolidam o desprestígio da literatura nos dias atuais.

Um dos itens:

“O uso da literatura como repertório de narrativas, figuras e sentenças de impacto para uso de nietzschianos e deleuzianos desbundados, que acham que o que realmente importa, mais do que os estudos de Filosofia e Literatura, é a Vida, ela mesma, cuja logogenia multívoca, pulsando nos devires, é inapreensível por meras disciplinas acadêmicas. Contra o estudo árido e estéril, a Vida latente na literatura da rua, fonte privilegiada de hibridismos culturais, pode prover a filosofia da sensualidade e fluidez do papo-cabeça.”

NA CAMA COM UM DELEUZIANO

certa vez, resolvi ir pra cama com um deleuziano.
entre beijos e abraços calientes, o rapaz me lançou a seguinte proposta:
- lindona, vamos fazer um corpo sem órgãos?
estupefata com o que ouvia, parei tudo e respondi:
- um o quê, homem?
- um corpo sem orgãos, pra gente sentir o intempestivo, buscar algum devir rizomático e, a partir da lógica do acontecimento e do pensamento nômade, surfar no molar e no molecular.
e eu, achando que o rapaz estava falando de assar tubérculos, perguntei desanimada:
- ai, ai, num basta trepar e ir embora não?

(bom, a história não foi exatamente assim, mas foi quase.)

ABECEDÁRIO

TEXTO PARA ANÁLISE:

"Primeiro Encontro Latino-americano de Esquizoanálise:

Entre 12 e 15 de agosto próximos ocorrerá, em Montevidéo, um encontro de esquizoanalistas, pensadores, artistas e pessoas afetadas pela praxis inventada por Félix Guattari e Gilles Deleuze.

Em sintonia com o grupo de companheiros que está trabalhando na organização, queremos contribuir para que o encontro seja realizado da maneira mais rizomática e aberta possível.

Por isso queremos convidar todos aqueles que não se conformam em dizer viva a diferença, mas que fazem a diferença e querem nesse encontro uma autêntica produção de multiplicidades livres, na esteira de um processo real de experimentação que depende somente de nós. Será uma oportunidade para criar e saber do que é capaz um jogo nômade coletivo.

O encontro é totalmente autogerido: todos pagarão a própria passagem e inscrição.

Desejar o acontecimento é espalhar um contágio de vibrações que nos excedem e não querem se conservar em nós.”

SOPAS DELEUZE


MODO DE PREPARAR:

NÃO PERCA TEMPO
1 MINUTO DE MICROONDAS É O SUFICIENTE
AGITE ANTES DE USAR PARA QUE O DEVIR VENHA A SER
COMA COM COLHER COM RAPIDEZ
DE GARFO É LENTO
COMA RÁPIDO ANTES QUE FIQUE FRIO
– ALGO IMPOSSÍVEL DE SE ENGOLIR




Alguém sabe alguma receita?
Autor: Fastfood





17 de abril de 2008

ENQUANTO MODELO VIVO




este vídeo, i-pod, gloss e deleuze não significam nada para a filosofia.